23 de dezembro de 2010

O Desafio da ciência - Modelos Científico no ensino de História - Paulo Knauss *

O texto defende que a aprendizagem escolar pode ser caracterizada como uma iniciação científica colocando no centro de suas preocupações as diferentes bases lógicas da construção do conhecimento científico. O texto parte da constatação de que nas percepções de professores e alunos há uma dificuldade de definir o conhecimento como científico. A partir daí, o trabalho procura caracterizar a diversidade dos modelos de ciência, discutindo como o saber histórico científico se apóia em várias lógicas explicativas. A discussão permite caracterizar como o saber disciplinar acadêmico é reconfigurado no contexto escolar, permitindo que na escola seja possível explorar a diversidade científica.

9 de dezembro de 2010

Teoria historiográfica: diálogo entre tradição e inovação - Astor Antônio Diehl

Objetiva-se discutir algumas perspectivas de estudos nos campos das teorias da história e da historiografia, tomando como eixo os pressupostos para o diálogo entre tradição historiográfica e o conjunto de inovações verificadas nos estudos históricos atuais. A partir desse objetivo estabelecemos dois aspectos para a estrutura do texto: o primeiro envolve a possibilidade da inserção de noções como a dos desejos e das subjetividades para a dimensão teórica e historiográfica; o segundo aspecto discute os sentidos dessa inovação, entendida a partir da noção cultura historiográfica e da plausibilidade do conhecimento histórico. 
reupado

8 de novembro de 2010

O Ensino de História e a Criação do Fato - Jaime Pinsky *

Discute as formas de os historiadores "criarem" o fato histórico, de os livros didáticos reproduzirem essas "verdades" e de muitos professores apresentarem-nas como definitivas. Embora com posições teóricas diferentes, os autores (professores universitários e de ensino médio) colocam-se numa postura antipositivista e ressaltam a importância da historicidade e até do subjetivismo como ingredientes da interpretação do passado.

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2 de novembro de 2010

Ética e epidemiologia - Rita Barradas Barata *

As relações entre saúde pública e direitos humanos são principalmente de três ordens: a busca do equilíbrio entre o bem coletivo e os direitos individuais; os métodos e técnicas para identificar as violações aos direitos humanos e avaliar seu impacto negativo; e, a vinculação entre proteção dos direitos humanos e promoção da saúde. As relações entre ética e epidemiologia vão além dos aspectos éticos relacionados à pesquisa em seres humanos. Desdobram-se em compromissos políticos, práticas nos serviços de saúde e produção de conhecimentos.

14 de outubro de 2010

Em busca dos referenciais teóricos da divulgação científica escolar - Marco Alvetti *

No trabalho de pesquisa de Alvetti (1999), foram levantados às possibilidades da inserção dos materiais de divulgação científica no ensino de física moderna e contemporânea no ensino médio (EM). Decorrentes dessa pesquisa, várias questões descortinaram-se e dentre essas, uma será contemplada nesse trabalho: a investigação de uma metodologia que procure identificar a fundamentação teórica subjacente à relação educação e divulgação científica, na busca de estabelecer parâmetros mais estruturados para a devida transposição didática dos artigos de DC no ensino formal de ciências.O debate da relação educação e divulgação científica confunde-se com a própria história da popularização da ciência em nosso país e nessa direção, só para citar alguns exemplos, Gaspar (1993) em sua tese de doutoramento, levantou referenciais teórico da divulgação científica em museus e centros de ciências , Silva (2002) em sua dissertação, investigou a utilização de material impresso de DC em sala de aula, a tese de Sousa (2000 ) sobre a qualidade de materiais paradidáticos, em particular, da revista Ciência Hoje das Crianças e mais recentemente, Martins, Nascimento e Abreu ( 2004 ), abordam as relações entre discurso e texto num estudo de caso em sala de aula, utilizando material impresso de DC . Como se vê, essa é uma questão que vem sendo abordada há muito tempo e através de várias perspectivas.

7 de outubro de 2010

Cinema e imaginário científico - Bernardo Jefferson de Oliveira

Este artigo explora alguns dos vínculos entre a ciência e o cinema: o uso de filmes como instrumento de observação, material didático de educação científica e, principalmente, meio de expressão e veículo formador do imaginário social acerca da ciência. Para tanto, retoma discussão conceitual sobre as noções de imaginário e representação social, busca delinear diferenciação de tipos de filmes e sintetizar algumas análises sobre imagens da prática científica e de estereótipos de cientistas. São apresentadas dificuldades na avaliação da influência do cinema no imaginário científico, mas defendida a importância de seu estudo para a história da ciência.
reupado

27 de agosto de 2010

Douglas Theobald - Prova científica?

 O que se entende por evidência científica e prova científica? Na verdade, a ciência não pode estabelecer “verdade” ou “fato” no sentido em que um enunciado científico pode ser inquestionável. Todos os enunciados científicos e conceitos estão abertos à reavaliação conforme novos dados são adquiridos e novas tecnologias emergem. Uma “prova”, então, só existe no reino da matemática e da lógica.
A função primária da ciência é demonstrar a existência de fenômenos que não podem ser observados diretamente. A ciência não precisa nos mostrar coisas que não podemos ver com nossos olhos. A observação direta não é somente desnecessária para a ciência; a observação direta é, de fato, normalmente impossível para coisas que realmente importam. Por exemplo, as descobertas mais importantes da ciência só podem ser inferidas via observação indireta, incluindo coisas como átomos, elétrons, vírus, bactérias, germes, ondas de rádio, raios-X, luz ultravioleta, energia, entropia, entalpia, fusão solar, genes, enzimas, e a dupla hélice do DNA.
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18 de agosto de 2010

Crenças no paranormal e estilos de pensamento racional - Tatiana Severino de Vasconcelos - Bartholomeu Tôrres Tróccoli *

Apesar dos avanços científicos e tecnológicos, as crenças em fenômenos paranormais têm aumentado nas últimas décadas. No entanto, não há um consenso sobre a estrutura multidimensional dessas crenças. Esse estudo procurou atingir dois objetivos: construir um questionário de crenças no paranormal (QCP) e observar sua dimensionalidade, além de investigar sua validade concorrente correlacionando seus resultados com o Inventário do Pensamento Racional versus Experiencial. Os instrumentos foram aplicados em 206 participantes e os resultados revelaram que o QCP divide-se em quatro fatores: crenças no paranormal em geral, superstições comuns, mal versus bem e proteção espiritual. As pessoas com maiores índices de crenças no paranormal e de superstições comuns tendem a preferir o pensamento experiencial. O pensamento racional não apresentou correlações significativas com nenhum dos fatores do QCP, sugerindo que não existem evidências empíricas para fundamentar a discussão das crenças no paranormal sobre a dicotomia racionalidade versus irracionalidade.

10 de agosto de 2010

Na Terra de Oz - Os Debates Sobre A Pesquisa de Vida e Inteligência Extraterrestres (1959 - 1993) - Eduardo Dorneles Barcelos

A pesquisa contemporânea de SETI (exobiologia), desenvolvida entre 1959 e 1993, traz uma série de questões interessantes ao historiador: 1) a natureza epistemológica da exobiologia; 2)
sua dimensão histórica, como parte de um longo processo de trabalhos e especulações de astrônomos e biólogos; 3) seus constrangimentos filosóficos, ideológicos e religiosos; 4) suas diferentes correntes: pluralismo e singularismo. A ausência de um paradigma internacionalmente aceito para a exobiologia,
consequência natural da inexistência de um claro objeto de estudo, vem produzido polêmicas entre os especialistas e suas hipóteses. O foco deste trabalho consiste em analisar os debates correntes
na literatura exobiológica.

Esse trabalho posteriormente se transformou em um livro chamado "Telegramas para Marte - A busca ciêntifica de vida e inteligência Extraterrestres"

27 de julho de 2010

História da Ciência: objetos, métodos e problemas - Lilian Al-Chueyr Pereira Martins

O objetivo deste artigo é auxiliar o trabalho de pessoas que estão se iniciando na pesquisa de História da Ciência, especialmente em relação a um determinado tipo de trabalho a que nos dedicamos. Este tratará da escolha de um tema adequado de pesquisa, dos tipos de fontes encontradas em História da Ciência e de alguns problemas encontrados em trabalhos de História da Ciência. Este estudo levou à conclusão de que só se apreende a fazer pesquisa em História da Ciência a partir da prática e que um bom historiador da ciência se constrói a longo prazo.

15 de julho de 2010

Filosofia da Ciência: Introdução ao Jogo e suas regras - Rubens Alves *

Em Filosofia da Ciência. Introdução ao jogo e a suas regras, Rubem Alves faz um alerta para a necessidade de se desmistificar o cientista, considerado superior, por si, pela classe e pela grande maioria das pessoas comuns, dado ao seu trabalho em busca da verdade, do conhecimento e do desenvolvimento da ciência.
A obra é dividida em onze capítulos, os quais, gradativamente, vão conduzindo o leitor ao mundo da ciência, em um raciocínio bem estruturado, lógico e didático. Ao longo dos temas tratados, são inseridos exemplos, questionamentos e jogos, em uma contínua interação com o leitor. Também sobressaem as críticas, comparações entre pensadores e cientistas e as conclusões a que conduz o raciocínio desenvolvido.

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3 de julho de 2010

Marcha da Insensatez - Barbara Tuchman

A Marcha da Insensatez - De Tróia ao Vietnã, um dos mais estranhos paradoxos da condição humana: a sistemática procura, pelos governos, de políticas contrárias aos seus próprios interesses. Através de exemplos históricos, Barbara estabelece a distinção entre insensatez e outros tipos de desgoverno, identificando sua característica: o ato autodestrutivo não considera a existência de uma alternativa viável e reconhecida. Dá como exemplos, entre outros, a dispersão das dez tribos de Israel (930 a.C.), a inexplicável submissão do imperador Montezuma (1520) e o ataque japonês a Pearl Harbour (1941). A partir daí, expõe quatro pontos decisivos no turbilhão da História. O primeiro deles é a guerra de Tróia, a mais remota luta simbólica do mundo antigo, cujo desenrolar demarca o protótipo da insensatez no governo. A autora demonstra como os troianos rejeitaram tanto os presságios quanto as advertências explícitas. Acolhendo o cavalo dentro de suas muralhas e fazendo, assim, a livre escolha de um rumo que os levaria ao desastre total.O segundo ponto diz respeito às seis décadas de desgoverno dos papas, período que coincide com o auge da explosão da Renascença, em toda sua pompa e florescimento artístico. Contra esse fundo, perscruta as vidas dos seis papas que não apenas trouxeram má reputação à Santa Sé, como também romperam a união da cristandade e perderam metade dos fiéis para a secessão protestante.Barbara reconta depois a série de acontecimentos mediante os quais, durante quinze anos, o rei Jorge III da Inglaterra e seu governo envenenaram o relacionamento com as colônias americanas, criando rebeldes, fazendo-se de surdos às críticas do Parlamento e da população. Como resultado, perderam o controle que exerciam sobre seu império na América.No último ponto, a historiadora aborda os trinta anos de envolvimento dos EUA no Vietnã até a embaraçosa retirada dos americanos. O que emerge dessa impressionante análise é a crônica da auto-hipnose, do cinismo e da perda de confiança dos cidadãos em seu governo. Este livro é uma obra-prima que revela a causa fundamental do desatino nos governos: a impotência da razão ante os apelos da cobiça, da ambição egoísta e da covardia moral, numa época que a marcha da insensatez parece acelerada no universo em que vivemos.
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1 de julho de 2010

Como se Constrói o Pensamento Crítico - Sergio Navega

Pensamento crítico é um julgamento propositado e reflexivo sobre o que acreditar ou o que fazer em resposta a uma observação, experiência, expressão verbal ou escrita, ou argumentos. Pensamento crítico pode envolver determinar o significado e significância do que está sendo observado ou expresso, ou, em relação a uma dada inferência ou argumento, determinar se há justificativa adequada para aceitar a conclusõa como sendo verdadeira.

17 de junho de 2010

A Medicina de House - Andrew Holtz *

O autor procura mostrar como alguns elementos da pratica medica exibidos no seriado são semelhantes ou diferentes das praticas encontradas no mundo real. Um exemplo disso é a existência de um capitulo sobre exames, sobretudo os que são baseados em imagens como as tomografias e ressonâncias. A relação paciente/medico e questões ligadas aos regulamentos e da ética também são tratados. O livro poderia ter esperado o seriado terminar ou mesmo ter aguardado o amadurecimento dos personagens. Os episódios comentados raramente ultrapassam a segunda temporada. A pressa em lançar o livro deixou vários aspectos de fora.

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7 de junho de 2010

São Francisco de Assis - Jacques Le Goff

Quatro ensaios integram o trabalho. O primeiro se refere a figura de Francisco diante da renovação social que ocorreu na Europa feudal; o segundo ensaio, é uma apresentação geral, cronológica e biográfica da vida do santo católico; o terceiro examina a influência do meio franciscano no século XIII e a sua ordem, nesta parte da obra é desenvolvido um “vocabulário das categorias sociais em São Francisco de Assis e os seus biógrafos da época”. O quarto ensaio examina o franciscanismo primitivo diante dos modelos culturais medievais.O caráter novo de São Francisco e de sua ordem impressionou os contemporâneos numa época que se tornou sensível ao lado positivo da novidade e em que se esfuma a condenação tradicional da novidade. A reação de rejeição ao dinheiro é então em primeiro lugar um gesto de repulsa física, a rejeição da matéria monetária.

17 de maio de 2010

Os Dragões do Eden - Carl Sagan

Nessa obra Carl Sagan aborda a evolução do cérebro, o surgimento da inteligencia e como isso contribuiu para que a civilização se tornasse possível. Para isso utiliza as ultimas descobertas da neurologia, paleontogia, arqueologia, linguística e astronomia. O texto é leve e muito bem escrito e sua linguagem é bastante acessível. O livro é um pouco antigo e muito mais foi acrescentado a respeito do funcionamento do cérebro desde o final dos anos 70 quando a obra foi escrita. Mesmo assim as linhas gerais de argumentação do autor continuam válidas.

12 de maio de 2010

Escola uspiana de História - Raquel Glezer -Vera Lúcia Amaral Ferlini

A análise da produção do Departamento de História, nesses sessenta anos, através das linhagens, revela a existência de uma escola de Historiadores uspianos, com alto grau de inbreeding. Essa endogenia, contudo, não deve ser considerada fator negativo, pois permitiu a consolidação de uma tradição de pesquisa histórica diferenciada.

A primeira geração
Consideramos primeira geração o conjunto de doutorados produzidos, grosso modo, entre 1951 e 1973, orientados pelos formadores e defendidos, ainda, no sistema do antigo regime da pós-graduação.
Entre 1951 e 1973, foram defendidas 83 teses de doutorado, nas seguintes matérias: História Antiga; História Medieval; História Moderna; História Contemporânea; História da América; História do Brasil Colônia; História do Brasil Império; História do Brasil República.
Do ponto de vista metodológico, a influência dos Annales persistiu.
A segunda geração
A produção historiografia de 2ª geração corresponde ao amplo conjunto de teses defendidas no sistema atual de pós-graduação, implantado na USP a partir de 1971, em dois Cursos: História Econômica e História Social. 
FFLCH USP


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11 de maio de 2010

O Que é Arte - Jorge Coli *


O autor procura definir sem limitar o conceito de arte. Mostra como a arte só ganha sentido quando consideramos a sociedade que a produz. Além disso aborda a relação entre arte e mercado, mostrado como a arte pode ser lucrativa para alguns segmentos da sociedade e como ela esta ligada as formas de poder e distinção social nas relações humanas.

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14 de abril de 2010

O Império Marítimo Português O - 1415-1825 - Charles R. Boxer

A expansão marítima de Portugal acontece durante cinco séculos, levando as caravelas portuguesas a alcançar lugares tão distantes e diversos como a Índia, a África, a China e o Brasil. As descobertas geográficas e as conquistas comerciais dos portugueses mudaram a história do mundo.

Em O império marítimo português, o historiador Charles Boxer procura explicar como Portugal manteve um império tão vasto durante tanto tempo, já que era um país pouco povoado, sem estrutura comercial bem organizada.

Para realizar essa tarefa, Boxer divide seu livro em duas partes. Na primeira, explica as "vicissitudes" do império, isto é, as contingências internacionais que envolveram a presença portuguesa em determinadas regiões durante certo período. Na segunda parte, Boxer examina as características e os principais pontos estratégicos da conquista portuguesa no ultramar: as instituições, as alianças interétnicas, os modos de organização navais, mercantis, políticos, culturais e religiosos.

O império marítimo português foi publicado pela primeira vez em 1969, quando Charles Boxer já completara quatro décadas de estudos sobre o ultramar europeu. O historiador aprendeu a falar japonês, holandês e português, e visitava os lugares sobre os quais escrevia. Seus artigos e livros sobre o Japão, o Atlântico Sul e as câmaras municipais de Salvador, Luanda, Goa e Macau transformaram-no no maior especialista do ultramar lusitano.
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4 de fevereiro de 2010

O Coração das Trevas - Joseph Conrad

O livro trada da viagem do Cap. Marlow pelas entranhas da África, no início do séc. XX, auge do colonialismo europeu. Ele busca encontrar o desaparecido Kurtz, comandante de um posto avançado de uma empresa exploradora de marfim.
Essa Viagem simboliza, entre muitas leituras possiveis- uma jornada de todos nos, em busca da nossa propria humanidade. Ao final, contudo, só fica ''o horror, o horror''.

Livro Online

27 de janeiro de 2010

A Partilha da África e a Resistência Africana - Jorge Euzébio Assumpção *


A África no século XIX foi vítima da cobiça dos países europeus, que em suas disputas imperialistas partilharam o território. Para conseguir colônias os países capitalistas não mediram esforços. Assim como não pouparam os povos nativos que resistiram à invasão, esses foram vítimas de verdadeiros massacres, quando da defesa de seus territórios, como foi o caso do movimento Mau-Mau. Na busca por novas colônias valia tudo, a exemplo do rei Belga, Leopoldo II. Que usou de todos os métodos, legais ou não, subornando pessoas e cometendo trapaças, para conquistar as terras do Congo e sacralizar seus objetivos - retirar toda a riqueza possível do solo africano. Para tanto os capitalistas cometeram todos os excessos, desde o trabalho compulsório até o extermínio físico. O imperialismo deixou como consequência a chacina e o aniquilamento dentre os diversos povos de origem africana.
Arquivo Reupado

22 de janeiro de 2010

África na Sala de Aula: Visita à História Contemporânea - Leila Leite Hernandez


O livro "África na Sala de Aula: Visita à História Contemporânea" reúne aulas de história da África, ministradas entre 1998 e 2003, pela historiadora Leila Leite Hernandez, na PUC-SP. Durante esse período, a autora foi amadurecendo sua visão deste continente tão pouco conhecido e cuja história é complexa e envolve uma enorme diversidade de culturas e modos de ser.
Como observa o escritor angolano Mia Couto, que prefaciou a obra, o livro consegue ser fiel ao que ele chama de a tripla condição restritiva do continente africano: prisioneiro de um passado inventado por outros, amarrado a um presente imposto pelo exterior e, ainda, refém de metas que lhe foram construídas por instituições internacionais que comandam a economia.
"África na Sala de Aula: Visita à História Contemporânea" é, na verdade, a primeira pesquisa historiográfica e iconográfica realizada no Brasil que leva em consideração a história do continente africano como um todo. A obra é uma empreitada de fôlego, fruto de uma pesquisa de quase uma década sobre o assunto. A leitura do texto vai alargando e aprofundando nossa compreensão sobre a freqüente movimentação de caráter sócio-político do continente africano.

19 de janeiro de 2010

A Revolução dos Bichos - George Orwell


Escrita em plena Segunda Guerra Mundial e publicada em 1945 depois de ter sido rejeitada por várias editoras, essa pequena narrativa causou desconforto ao satirizar ferozmente a ditadura stalinista numa época em que os soviéticos ainda eram aliados do Ocidente na luta contra o eixo nazifascista. De fato, são claras as referências: o despótico Napoleão seria Stálin, o banido Bola-de-Neve seria Trotsky, e os eventos políticos ? expurgos, instituição de um estado policial, deturpação tendenciosa da História ? mimetizam os que estavam em curso na União Soviética. Com o acirramento da Guerra Fria, as mesmas razões que causaram constrangimento na época de sua publicação levaram A revolução dos bichos a ser amplamente usada pelo Ocidente nas décadas seguintes como arma ideológica contra o comunismo. O próprio Orwell, adepto do socialismo e inimigo de qualquer forma de manipulação política, sentiu-se incomodado com a utilização de sua fábula como panfleto. Mesmo profundas transformações políticas que mudaram a fisionomia do planeta nas últimas décadas, a pequena obra-prima de Orwell continua atual como uma critica feroz a todo tipo de autoritarismo.
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